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ESFIR CHUB (2)

Mulher, judia, revolucionária, cineasta



Esfir Ilínitchina Chub integrou a geração que muitos anos depois seria conhecida como vanguarda russa - ou soviética - que, em conjunto, foi responsável pela mais contundente renovação da linguagem em todos os campos das artes e da comunicação; feito que, apesar de pouco conhecido, reverbera até os dias de hoje, em todo o planeta.

Nascida no Império Russo no mesmo ano que Maria Tsvetáieva, Várvara Stepánova e Aleksandr Dovjenko - 1894 -, compartilhou a década de nascimento com seus amigos Vladímir Maiakóvski, Serguei Eisenstein, Liev Kulechóv, Dziga Viértov, Vsevolod Pudóvkin e, ainda, Aleksandr Ródtchenko que dela nos legou os mais luminosos retratos.



--- Retrato de Esfir Chub por Aleksandr Ródtchenko, Moscou, 1924 ---


Como grande parte dos artistas e intelectuais russos do início do Século XX, Esfir Chub, originalmente Esfir Ilínitchna Rochal (o Chub veio do primeiro marido do qual quase nada se sabe), teve formação privilegiada. O ensino superior no Império Russo era destinado à elite, preferencialmente aos homens, excluindo destes os judeus. Ainda assim - mulher e judia - Esfir Ilínitchna Rochal foi educada em um ginásio destinado ao gênero feminino na região onde havia nascido, Tchérnigóvski, fronteira sempre disputada entre Rússia, Ucrânia e Bielorrússia. Após concluir com brilhantismo o curso secundário, por intercessão de seu pai, Illiel Meerovitch Rochal, a jovem Esfir ingressou no Instituto Superior Feminino de Moscou onde concluiu seus estudos sobre literatura russa na Faculdade de Filologia.

No início da segunda década do Século XX Moscou era uma cidade fervilhante, repleta de manifestações artísticas revolucionárias que movimentavam os teatros, museus, galerias de arte e cafés, frequentados por jovens irreverentes que testavam suas habilidades artísticas para darem o maior tapa que o gosto burguês haveria de receber.



--- Praça Strastnaia, Moscou, c. 1920. Autoria desconhecida ---


Logo após a Revolução de 1917 os artistas de todos os campos teriam oportunidade de desenvolver suas ideias junto ao governo emergente que, em tese, tinha como prioridade investir no desenvolvimento das linguagens artísticas como apoio indispensável à construção de um novo mundo. Para tanto foram constituídos os Comissariados do Povo, que equivaliam a órgãos ministeriais de Estado e se destinavam a reestruturar e reorganizar as mais diversas atividades consideradas prioritárias por Vladímir Lênin, líder da Revolução e do Governo Soviético até sua morte, em 1924.

A educação era um dos setores mais relevantes para o governo revolucionário e, assim, foi criado o Comissariado do Povo para a Educação, liderado por Anatoli Lunatchárski, que abarcava, dentre outros departamentos, o de teatro, cujo chefe era Vsevolod Meierhold, um dos mais importantes encenadores do Século XX. Chub trabalhou como secretária desse departamento, diretamente com Meierhold, de 1918 a 1921, quando participou intensamente das atividades da vanguarda teatral, inclusive sendo coautora, junto à poeta Nina Rukavíchnikova de um texto para pantomima de massa encenada no circo de Moscou.

Em 1922 foi contratada pelo Goskino, acrônimo de Comitê do Estado Soviético para a Cinematografia, criado em fevereiro desse ano pelo Comissariado do Povo para a Educação e que se constituiu na maior produtora estatal de filmes. Responsável e determinada, demonstrando competência para trabalhos em equipe, Chub rapidamente foi designada para coordenar a divisão de montagem junto a Tatiana Levinton.

Permaneceu no Goskino até a criação do Sovkino, produtora cinematográfica soviética criada em junho de 1924, destinada a deter o monopólio da produção e distribuição de filmes na União Soviética. Nestes anos Chub realizou, ainda, trabalhos autorais não creditados, dentre os quais o mais conhecido é o roteiro de A greve (Statchka, 1924), coautoria com Serguei Eisenstein.


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LEIA MAIS em JALLAGEAS, Neide. "Notas Introdutórias sobre Esfir Chub: soviética, revolucionária e mestra dos mestres do cinema". In HOLANDA, Karla (org.). Mulheres de Cinema. Rio de Janeiro: Numa, 2019.


Esfir Chub escreveu o livro Minha vida é o cinema. Para publicá-lo no Brasil a Kinoruss colocou no ar uma Campanha de financiamento coletivo. Visite a página sobre o livro de Chub e se encante com essa mulher irresistível e potente, na vida e no cinema. GARANTA sua prioridade em nossa pré-venda.




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